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O que eu li

O Banqueiro Anarquista – Agosto de 2020 – 376

  1. Autor: Fernando Pessoa

  2. Capa comum: 64 páginas

  3. Editora: Independently Published (18 de janeiro de 2020)

  4. Idioma: Português

  5. ISBN-13: 979-8601486149

  6. ASIN: B083XW67D9

Publicado em maio de 1922, no primeiro número da revista Contemporânea, dirigida por José Pacheco, ilustrada por Almada Negreiros e mantida financeiramente por Agostinho Fernandes, o texto de Fernando Pessoa satirizava já de saída a proposta da revista que era de arejar o provincianismo da Lisboa do início do século XX, através de uma proposta elitista e “civilizatória”. No editorial do primeiro número ela se apresentava como “feita expressamente para gente civilizada e para civilizar gente”.O texto de Pessoa, bastante satírico e ambíguo, vai ao cerne dessa proposta. O conto ambienta-se em um local dito civilizado aos moldes dos clubes ingleses tão em voga na época e tradicionalmente distantes dos debates intelectuais ou políticos. Após um jantar farto um determinado banqueiro envolve o seu interlocutor num diálogo em que demonstra os princípios de seu “verdadeiro” anarquismo. Num modelo platônico de diálogo e de contraposição entre teses e antíteses, argumentos e contra-argumentos, ele constrói um discurso que se pretende elitista, mas demonstra-se iconoclasta, irônico, antissocial e, em última análise, neoliberal.Pessoa, de certa forma, antecipa os movimentos anarco-capitalistas que fundamentam boa parte das ideologias libertárias quase cem anos depois de seu texto ser primeiramente publicado. Mais conhecido por sua poesia produzida através de seus heterônimos, esta obra foge dessa imagem mais conhecida do público em geral, mas passível de ser traçada a partir dos poemas mais místicos ou filosóficos do autor. Esta é, provavelmente, provavelmente a obra que melhor expressa os ideais políticos de Fernando Pessoa, através de dois personagens sem nomes, através de um olhar cínico sobre as relações sociais e da exposição da moral distorcida do banqueiro que se diz inventor do anarquismo. De certa forma, é um tratado didático sobre filosofia política disfarçado de conto, onde trança com habilidade os fios de silogismos, tautologias e sofismas.

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