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O que eu li

Reali Jr. Às Margens do Sena – Julho 2007


Em depoimento a Gianni Carta, o leitor tem nessas páginas um amplo painel sobre quase meio século de atividade profissional daquele que se transformou em um dos mais conhecidos e respeitados jornalistas brasileiros, nos últimos 35 anos como correspondente em Paris do jornal O Estado de São Paulo e da rádio Jovem Pan. As recordações do repórter que começou aos 16 anos, segundo revela a carteira do Ministério do Trabalho de Reali Jr., cobrindo esporte como radialista, vão aos poucos se alternando com o depoimento do biografado com os amigos, familiares e colegas de profissão, por vezes cotejando o mesmo acontecimento com diferentes pontos de vista. Os bastidores de importantes momentos históricos internacionais e brasileiros das últimas décadas, como o golpe militar de 1964, a vida dos exilados na França e o hoje esquecido Relatório Saraiva – denúncia de corrupção no alto escalão da embaixada brasileira em Paris, quando chefiada por Delfim Neto, são algumas das histórias reunidas aqui. São únicos os perfis de políticos como Pompidou, Giscard D’Estaing, Mitterand, Chirac, Jânio Quadros, João Goulart, Brizola e Lula – e de jornalistas, entre eles o misterioso Alexandre Baumgarten, informante do SNI assassinado em 1982 como ‘queima de arquivo’ da comunidade de informação. Também se destacam no livro casos pitorescos, como o dilema de Paulo Maluf com uma espada de ouro doada pelo rei da Arábia Saudita; ou dramáticos, como a frustrada campanha ecológica pela proibição do asbesto (amianto), substância cancerígena ainda utilizada no Brasil na fabricação de telhas e caixas d’água destinadas à população de baixa renda. Os relatos das experiências de Reali Jr. se traduzem em inestimável orientação a quem pretende seguir a carreira jornalística. Ilustrado com fotos, ‘Às margens do Sena’ ainda reserva muitas dicas dos melhores roteiros gastronômicos da Europa e, em particular, da França. Não é por acaso que o texto da orelha do livro é assinada por um velho amigo e companheiro de jornadas turístico-gastronômicas por toda a Europa – Luis Fernando Veríssimo.

Opinião do Leitor:

Guilherme Lopes Mair /  Data: 9/1/2008 Conceito do leitor:

Um leitura agradável e instigante! Numa miscelânea de aspectos profissionais, históricos e pessoais, Reali Jr. (com felizes participações de sua esposa Amélia) revela a Gianni Carta diversas situações muito interessantes. Uma vez iniciada a leitura, praticamente impossível parar! Ler este livro aumentou ainda mais minha admiração pelo notável Reali Jr, um jornalista completo. Uma obra altamente recomdendável!

Ari Kempenich /  Data: 31/7/2007 Conceito do leitor:

Interessante O livro é interessante e desvenda algumas das situações pelas quais passou a história do Brasil e do Mundo nos últimos anos. Interessante também para mostrar que o trabalho de correspondente é bem mais complicado e desafiador que a maioria das pessoas pensam. Por outro lado, o livro cai um pouco no final e abusa um pouco em capítulos sobre restaurantes e locais visitados pelo correspondente, que para mim não era o interesse principal.

Emílio Dantas /  Data: 4/7/2007 Conceito do leitor:

Livro Interessante O livro é particularmente atrativo para quem se dedica, pretende se dedicar ou se interessa pela carreira de jornalista. O autor faz observações interessantes sobre a profissão, mais especificamente, sobre a função de correspondente estrangeiro. Mesmo que o interesse do leitor não seja este, o texto é agradável. Gostei da parte em que ele discute os vinhos e a culinária francesa, ainda que seja de passagem. Quando ele fala dos políticos brasileiros, demonstra maturidade e competência. O que me surpreendeu foi ler que muitas vezes, ele resolveu seus problemas com os desafetos no braço, literalmente falando.

Saiu na Imprensa:

O Estado de S. Paulo /   Data: 29/5/2007 Bastidores do Brasil na França

Ex-correspondente do Estado, Reali Jr. relata momentos históricos que presenciou. Ubiratan Brasil Quando o avião da Varig caiu em Paris, no momento em que já estava próximo do aeroporto de Orly, em junho de 1973, matando personalidades como o ex-chefe de polícia da ditadura Vargas, Filinto Müller, o cantor Agostinho dos Santos e outras mais de cem pessoas, a imprensa brasileira ficou em polvorosa – nenhum grande jornal ou revista mantinha um correspondente na capital da França e as notícias só chegavam pelas ondas da Rádio Jovem Pan e na voz de Reali Jr. “Entrava no ar até dez vezes por dia e alguns corpos eu mesmo ajudei a identificar”, relembra Reali, no longo depoimento que deu a Gianni Carta para o livro Às Margens do Sena. O jornalista lança a obra hoje à noite, na nova Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Um momento oportuno para acompanhar as histórias de um dos maiores correspondentes internacionais da imprensa brasileira. A cobertura do acidente da Varig – que aconteceu oito meses após ele se estabelecer em Paris, portanto, quando ainda tateava o terreno – foi o trampolim para sua contratação pelo Estado. Mesmo já dispondo de um comentarista em Paris (Gilles Lapouge), o jornal entendeu a necessidade e a importância de também ser representado por Reali na Europa. O laço profissional foi proveitoso: em mais de 30 anos, Reali revelou os bastidores de momentos históricos internacionais e nacionais. Sua voz inconfundível pelas ondas do rádio e o texto recheado de informações produzido para o Estado o tornaram fonte de referência jornalística. Ao optar por buscar sempre uma visão brasileira de todos os acontecimentos, o correspondente pôde escrever sobre o golpe militar de 1964, a vida dos exilados na França, além de grandes eventos esportivos. “Como o Emerson Fittipaldi estava em alta, acompanhei diversos GPs de Fórmula 1”, conta Reali, que também revelou o chamado Relatório Saraiva, denúncia de corrupção no alto escalão da embaixada brasileira em Paris, quando chefiada por Delfim Neto. Como bom repórter, Reali sempre caçou as informações exclusivas, os chamados ‘furos’, que causavam grande repercussão. Em 2003, por exemplo, foi o primeiro a noticiar a detenção de Paulo Maluf em Paris por conta de suspeitas de saques vultosos no banco Crédit Agricole. Trabalhando em casa, local que também se tornou ponto de encontro de uma infinidade de figuras influentes, Reali mantinha-se bem informado da situação brasileira, mesmo distante quase 10 mil quilômetros. Trabalho que lhe garantiu respeito de políticos como Jânio Quadros, João Goulart, Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva, Jacques Chirac, Giscard D’Estaing, François Mitterrand. Ao lado da mulher, Amélia, e das quatro filhas, Reali dividia-se entre a vida rotineira e a profissional. O livro, aliás, conta com diversos depoimentos de Amélia, figura essencial até em coberturas – quando cobria a Guerra do Golfo, no início dos anos 1990, Reali viu-se repentinamente sem dinheiro, pois o governo iraquiano fechara todos os bancos. A solução foi encontrar a mulher que, após recolher a verba enviada pelo Estado, rumou até a Grécia, onde a repassou. Autor de inúmeras entrevistas, Reali lembra a que provocou maior repercussão: com o médium e líder espírita Chico Xavier, para o programa Pinga Fogo, da extinta TV Tupi. “Era um homem de grande honestidade, íntegro, firme, simples”, conta o repórter, lembrando ainda que, por não existir ainda transmissão direta, o teipe com a entrevista correu o Brasil durante dois anos, exibida em várias regiões. Em nível internacional, Reali aponta para a conversa com Jarbas Passarinho, nos anos 1970, quando era ministro do governo militar. “Ele admitiu que, embora tortura não fizesse parte das diretrizes do regime, não poderia tapar o sol com a peneira – e assim, pela primeira vez, um ministro da ditadura reconheceu que havia tortura no Brasil.”

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